"(...) Andreia tem 34 anos e trabalha há seis na RE/MAX - antes era secretária. Clara tem 38 e está na agência há quatro anos, continua a esculpir mas agora em part-time. Formam uma dupla agentes imobiliárias especialmente pensada para a comunidade LGBT. Ou seja, serão as primeiras agentes imobiliárias dedicadas a gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. As primeiras em Portugal - desde Junho de 2008 - porque noutros países é comum haver empresas que encaram a comunidade LGBT como segmento de mercado, sejam imobiliárias, seguradoras ou agências de viagens. A ideia aliás foi pôr em prática o que sabiam que acontecia já em muitos outros países, com sucesso comercial. Mas para quê um serviço especial para a comunidade LGBT? «Falta à vontade a algumas pessoas que não se querem expor quando se dirigem a uma empresa», diz Andreia Melo. Talvez por isso, «é incrível a falta de informação» sobre questões legais e a dupla conta com apoio jurídico para reencaminhar e esclarecer as dúvidas dos clientes.
NOVA MENTALIDADE EMPRESARIAL
Além do imobiliário, há em Portugal outras áreas empresariais que já procuram clientes entre a comunidade LGBT. A propósito, Andreia Melo dá exemplos de uma empresa de eventos, da nova revista LGBT portuguesa Com´Out e da versão lisboeta da revista Time Out, que tem uma secção especializada. Para a agente imobiliária, «o ano de 2008 foi de mudança de mentalidades, o que implica uma nova atitude empresarial».
Mas a generalidade das grandes marcas e empresas ainda não consideram a comunidade LGBT como um segmento de mercado. «Não faz sempre sentido esse tipo de segmentação, porque [a comunidade LGBT], muitas vezes, não tem necessidades diferentes», diz o publicitário Tiago Viegas, 30 anos, director criativo na Brandia Central. Já o presidente da ILGA - associação de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero -, Paulo Côrte-Real, explica esse tipo de oferta com o facto de haver «vários campos em que infelizmente [ainda] é necessária uma segurança adicional para que as pessoas LGBT tenham acesso a serviços». Este activista e economista de 34 anos fala em queixas de discriminação de consumidores gays -por exemplo no acesso a empréstimos bancários - e diz que acaba por haver em alguns casos «relutância em procurar sequer aceder aos serviços, com medo de uma eventual negação em função da orientação sexual». Com a dupla RE/MAX LGBT não há esse perigo. E todos os clientes são bem tratados, mesmo que sejam heterossexuais. Senão, diz Andreia Melo, «seria discriminação»."
NOVA MENTALIDADE EMPRESARIAL
Além do imobiliário, há em Portugal outras áreas empresariais que já procuram clientes entre a comunidade LGBT. A propósito, Andreia Melo dá exemplos de uma empresa de eventos, da nova revista LGBT portuguesa Com´Out e da versão lisboeta da revista Time Out, que tem uma secção especializada. Para a agente imobiliária, «o ano de 2008 foi de mudança de mentalidades, o que implica uma nova atitude empresarial».
Mas a generalidade das grandes marcas e empresas ainda não consideram a comunidade LGBT como um segmento de mercado. «Não faz sempre sentido esse tipo de segmentação, porque [a comunidade LGBT], muitas vezes, não tem necessidades diferentes», diz o publicitário Tiago Viegas, 30 anos, director criativo na Brandia Central. Já o presidente da ILGA - associação de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero -, Paulo Côrte-Real, explica esse tipo de oferta com o facto de haver «vários campos em que infelizmente [ainda] é necessária uma segurança adicional para que as pessoas LGBT tenham acesso a serviços». Este activista e economista de 34 anos fala em queixas de discriminação de consumidores gays -por exemplo no acesso a empréstimos bancários - e diz que acaba por haver em alguns casos «relutância em procurar sequer aceder aos serviços, com medo de uma eventual negação em função da orientação sexual». Com a dupla RE/MAX LGBT não há esse perigo. E todos os clientes são bem tratados, mesmo que sejam heterossexuais. Senão, diz Andreia Melo, «seria discriminação»."
in Visão nº829 (22 a 28 de Janeiro de 2009)
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